Pandora, de Jules Joseph Lefebvre
Segundo o historiador Hesíodo (por muitos considerado o primeiro machista da história), os gregos acreditavam que no início do mundo as mulheres não existiam. Os homens levavam uma vida de abundância e despreocupação, passando incontáveis anos nessa bem-aventurança, sem conhecerem a dor, a doença, o ódio e a inveja, até que, um dia, adormeciam para nunca mais acordarem. Até que a chegada de Pandora, uma espécie de Eva criada pelo Olimpo, veio alterar completamente aquele Paraíso.
Para o misógino Hesíodo, tudo foi uma vingança de Zeus, furioso porque os homens tinham recebido de Prometeu o segredo do fogo. Outros escritores mais filosóficos, diziam que os deuses estavam apenas entediados com aquela situação e, por pura diversão, mandaram a mulher para acabar com aquela monotonia reinante aqui na terra. Com a consequência daquela decisão, todas as versões acabaram concordando: Pandora passou a viver com o irmão de Prometeu, que a recebeu como uma verdadeira dádiva divina, tornando-se o primeiro marido apaixonado da história. Foram felizes por muito tempo, até que Hermes, o mensageiro dos deuses, um dia veio entregar a eles uma caixa misteriosa que viria a modificar para sempre o destino da humanidade.
Aquela caixa tinha a tampa lacrada com cera e Hermes pediu para eles a guardarem zelosamente até que ele viesse a buscá-la, mais tarde, recomendando que não deveriam abri-la em hipótese alguma. Essa foi a armadilha: sem que suspeitassem, Zeus havia colocado dentro da caixa todos os males que o mundo ainda desconhecia: o Medo, o Sofrimento, o Trabalho, o Frio, a Fome e todos os demais, esperando que a curiosidade de Pandora vencesse aquela recomendação de Hermes. Não deu outra: atraída pelo zumbido misterioso que saia da caixa, ela aproveitou um descuido do marido e levantou um pouquinho a tampa para ver o que havia lá dentro. Foi o suficiente para que aqueles males todos saíssem pela fresta cobrindo Pandora e seu marido de ferroadas insurpotáveis e espalhando-se pelo mundo, qual um enxame de abelhas furiosas. Foi então que uma vozinha suave chamou de dentro da caixa: era a simpática Esperança, a única que tinha ficado para nos confortar.
Mas, possivelmente, esse era o agente mais perverso da vingança de Zeus. Quando a esperança toma conta de nós, fazendo com que tenhamos, diante das promessas sempre generosas do futuro, o esquecimento da alegria de viver plenamente o presente, que passa a ser provisório e sem graça, transformando-nos numa daquelas pessoas que perdem os seus dias pensando na noite e suas noites pensando na aurora.
3 comentários:
Parabéns pelo texto. Amei.
Ainda bem que tem a Esperança, o amor, a perseverança, a alegria.
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Penso que a esperança é válida sim quando estamos passando por um período de turbulência,neste caso não se encaixa no provável propósito de Zeus.Quando estamos bem nem nos lembramos que a esperança existe.não há porquê.
É apenas um pensamento...bjs
parabéns pelo belo texto. contudo, a esperança era o pior dos males, pois com ela, a esperança, os humanos teriam condições de ousarem desafiar os deuses.
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