quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pérolas Gregas - O sucesso alheio nos entristece



As Nove Musas

Eufêmia era uma ninfa do monte Hélicon, que recebeu dos deuses o encargo de cuidar das nove Musas recém nascidas. Em seguida deu à luz um menino que chamou Crocus. Mais tarde, esse menino se tornou um dos raros mortais que subiu aos céus e lá continua até hoje.

Ele foi criado junto com as Musas e cresceu em meio à beleza, seja nos bosques verdejantes onde vagava com seu arco certeiro, ou em casa, junto às suas meias-irmãs, quando as ouvia cantar. Para expressar a satisfação que sentia ao ouvir aquela música belíssima, ele se punha a bater palmas com tal entusiasmo que, até hoje, é considerado o inventor dos aplausos. Ele era mortal, mas as Musas agradecidas, pediram a Zeus que o levasse para o céu, onde ele brilha até hoje como a constelação do Arqueiro, que nós conhecemos como Sagitário.

Por outro lado, Momus foi um dos poucos deuses expulso do Olimpo. Ele era a personificação da crítica, do escárnio e da reprovação. Uma estória antiga diz que Zeus criou o primeiro homem, Posêidon criou o primeiro touro e Atena, a primeira casa. Como discutissem que teria feito o melhor trabalho, convocaram Momus para ser o juiz dessa questão. No entanto, ele ficou muito invejoso e despeitado com a habilidade daqueles três e tratou de encontrar defeitos na obra de cada um. Criticou Posêidon por não ter colocado os chifres do touro abaixo da linha dos olhos, para que o mesmo pudesse ver onde estava chifrando. Criticou Zeus por não ter feito uma janela no peito do homem, para que se pudesse ver se trazia o bem ou o mal em seu coração. Criticou Atena por não ter colocado rodas de ferro na casa, para que o morador pudesse levá-la para onde quisesse. Com Afrodite, então, chegou ao cúmulo. Chamado a opinar sobre sua beleza, Momus não encontrou um defeito, uma falha sequer para criticar. Então reclamou que as sandálias dela rangiam quando ela caminhava. Foi aí que Zeus o expulsou, considerando-o indigno de viver no Olimpo.

Pois o talento e a beleza dos outros nos dividem, entre aplausos e vaias, até hoje. As vezes aceitamos, tal como Crocus, admirar alguém que está acima de nós por seus atos ou qualidades, sem nos sentirmos despeitados. No entanto somos humanos e não merecemos viver lá no céu. Na maior parte das vezes, o brilho e o sucesso de nossos semelhantes nos diminuem e nos deixam infelizes. Então agimos como Momus, revelando-nos verdadeiros especialistas em buscar e apontar os defeitos, dando razão ao antigo filósofo que admitiu, corajosamente, que o bem dos outros nos entristece, mas seu mal só nos traz alegria.

Um comentário:

ininterrupto disse...

Obrigado por dividir essa informação. Gostei da proposta do blog, parabéns.