sábado, 20 de março de 2010

Os Deuses e a Administração - Atena


A Cultura-de-Tarefa, cuja deusa Atena e a figura da rede são a sua representação, “preocupa-se basicamente com a solução contínua e bem-sucedida de problemas” (Handy, 1991 : 26).


Atena é a deusa dos guerreiros vitoriosos, que desde o seu nascimento aparece armada e disposta para a sua missão de ajudar seus súditos. É uma divindade exclusivamente concebida para a vitória de seus fiéis, que passou de mulher de ação à uma matrona tutelar, convertendo-se na deusa guardiã do Estado e de todos os lares da Grécia.

Atena, após a tragédia da batalha com sua irmã adotiva, da qual foi salva por seu pai Zeus (alguns estudiosos creditam esta paternidade à Posseidon, sendo Zeus seu pai adotivo) passou a ser uma deusa desarmada, estando mais preocupada com o lar do que com a batalha, acreditando que a paz pode ser conseguida através de um acordo, sendo preferível à guerra. Mas, também acredita que se a guerra for necessária, o clamor da vitória deve soar com intensidade, convertendo-se em regozijo popular e em instrumento de ascensão para os heróis.

As organizações baseadas na cultura-de-tarefa organizam suas atividades em equipes de trabalho, onde cada membro é um especialista valioso, criativo e talentoso que contribui para solucionar o problema apresentado. Os conflitos são pequenos, uma vez que o respeito pela capacidade do outro é um imperativo e a recompensa é dividida.

Diferente da cultura-de-função (Apolo), onde a eficiência, ou seja, os meios utilizados tornam-se mais importantes, na cultura de Atena a busca da eficácia, a preocupação com os resultado prevalece. Questões como horários, rotinas e definições de funções não são privilegiadas, e cada membro da equipe é uma parte da rede que pode contribuir para a solução do problema apresentado.

O poder está nos INTERSTÍCIOS e não no topo (Apolo) ou no centro (Zeus), sendo a organização “uma rede de unidades de comando vagamente interligadas, sendo cada unidade basicamente independente, mas com uma responsabilidade específica dentro de uma estratégia global” (Handy, 1991 : 26)

Neste tipo de cultura a perícia é a base para o poder e a influência, não importando a idade, o tempo de serviço ou parentesco. É comum encontrar pessoas jovens e entusiasmadas onde a figura típica de um líder não é necessária.

Vale salientar que o entusiasmo dura exatamente o tempo de solução do problema, que ao se tornar rotina não desperta mais o mesmo interesse na equipe.

Este tipo de cultura funciona bem quando o produto da organização for a “solução de problemas”, como agências de publicidade, empresas de consultoria, organizações de pesquisas de novos produtos e outras do gênero. Exigir previsibilidade e praticidade em uma organização com este perfil é um erro, pois esta cultura não se ajusta à ambientes estáveis por ser extremamente cara onde a novidade de um produto converte-se em lucro para a organização enquanto seus concorrentes não entram em cena e o preço do produto pode ser determinado em função dos custos, mas após este período, o ajuste é necessário e então ou a organização tornou-se grande o suficiente para progredir, mudando o tipo de cultura predominante, ou então tende a desaparecer. A cultura Atena costuma ter vida curta.

Próximo Post: Dionísio e a Cultura Existencial

Um comentário:

soninha disse...

Estes textos,relamente,nos arrebatam para longe...muito longe.bjs