terça-feira, 14 de julho de 2009

Pérolas da Mitologia - Entre mulheres

A incrível mitologia grega fala de muitas noras que sofreram hostilidades por parte de suas sogras, como foi o caso da pobre princesa que casou com Eros, o deus do amor, filho de Afrodite.
Segundo consta, a deusa andava muito enciumada com o rumor de que uma simples mortal, Psiquê, que era tão bela quanto ela, e mandou que Eros inspirasse na mocinha uma paixão fulminante pelo homem mais feio que encontrasse. Ora, como era de esperar, quem ficou apaixonado pela moça foi o próprio Eros, que acabou casando com ela escondido. Como não podia revelar sua natureza divina à amada, estipulou uma única e decisiva condição: ela nunca poderia ver o seu rosto. Ele viria ter com ela todas as noites, em plena escuridão, e deixaria o leito antes de romper o dia.
Assim viveram alguns meses - as cegas, mas felizes - até que certa noite, após Eros adormecer, Psiqué, morta de curiosidade, acendeu uma lamparina, ficando maravilhada ao ver quem ele era. Por descuido deixou cair uma gota de óleo fervente sobre o ombro do marido. Sofrendo mais com a decepção do que com a dor, Eros disse que ela traíra sua confiança e, por isso, terminava ali o casamento. Batendo asas desapareceu nos céus e foi se refugiar num canto esquecido do palácio de Afrodite, que ainda não sabia de nada.
Psiqué desesperada, saiu pelo mundo a procurar por ele, para pedir perdão e explicar - naquela maneira doce como a esposa fala com o esposo - que ela nada fizera além de ceder à curiosidade natural que todos têm pela pessoa amada.
Nesse meio tempo Afrodite se inteirou do ocorrido e mandou chamá-la à sua presença: queria conhecer aquela criatura desprezível que estava fazendo seu filho sofrer. Frente ao semblante terrível da sogra, Psiqué com os olhos no chão, ainda teve a coragem de reafirmar seu amor por Eros e o desejo de esclarecer o incidente. A ardilosa Afrodite, fingindo buscar uma reparação, entregou-lhe uma caixinha de âmbar e deu-lhe a missão de ir até Perséfone, a rainha do mundo dos mortos, para pedir um pouco de seu creme mágico, alegando que a tensão daquele episódio tinha diminuído o frescor de sua beleza.
Era uma armadilha fatal: ao voltar para o mundo dos vivos com a encomenda da sogra, viu-se refletida na água clara de uma fonte e se achou feia e insignificante. Pensou; "É injusto que as deusas usem esse creme milagroso, enquanto estou aqui desfigurada." Como Afrodite previu, abriu a pequena caixa de onde saiu o frio sono da morte.
Esse teria sido o triste fim desta estória se Zeus, por justiça, não a tivesse ressuscitado , permitindo que vivesse para sempre ao lado do marido. E para este, que ficara perplexo com o comportamento da mãe e da esposa, o senhor do Olimpo acrescentou: "Não tentes entender o que acontece entre elas. Nós, os homens, passamos a vida a olhar para as mulheres, ao passo que elas ficam a olhar a si mesmas e às outras."

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