quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pérolas da Mitologia - Mães e Pais

Os estudiosos dizem que as Amazonas nunca existiram. Tudo indica que fazem parte do imaginário grego, tão fantásticas como a quimera, a esfinge e os centauros.
Mas o mito das Amazonas foi importante para os gregos, pois representava o oposto de tudo o que eles valorizavam como traços indispensáveis para uma vida civilizada. Elas formavam uma sociedade exclusivamente feminina, constituindo o mais rigoroso matriarcado jamais imaginado. Uma vez ao ano, e sempre no escuro para não serem reconhecidas, elas acasalavam com homens escolhidos a dedo, capturados na vizinhança. As meninas que nasciam eram criadas para serem belicosas como as mães. Já os meninos eram eliminados após o parto.
Para os gregos, portanto, que associavam o mundo feminino ao lar e à família, as Amazonas representavam o inverso do que eles consideravam normal. Não foi por acaso que grandes heróis, como Hércules e Teseu, tiveram de enfrentá-las e, como era de esperar, derrotá-las simbolicamente.
Na eterna e estimulante discussão sobre os papéis do homem e da mulher, aquelas guerreiras obstinadas merecem o mesmo repúdio que recebem hoje os machistas empedernidos. Uma sociedade unilateral e cruel como a delas, sempre estará fadada a fracassar na tarefa básica de se perpetuar pela descendência. Elas sabiam como produzir um bebê, mas duvida-se que soubessem transformá-lo num bom adulto, sem o esforço conjunto do masculino e do feminino. Isso porque é em contato com as figuras de um pai e de uma mãe que a criança vai conhecer duas formas de amar e ser amada, duas formas de linguagem, duas formas de conhecimento - formas bem distintas uma da outra, mas riquíssimas na soma de suas contribuições.A metáfora da casa é conhecida, mas nem por isso perde o valor: a mãe dá o chão, a terra, a ligação com os ciclos da natureza e com todas as formas de vida. O pai, por sua vez, fornece as paredes e o telhado, criando um espaço protegido e limitado onde essa vida vai crescer livremente até estar suficientemente preparada para se aventurar no mundo lá fora. Somente então o ciclo estará completo.

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