(As façanhas de Teseu, Museu Britânico, Londres)
Teseu era pouco mais que adolescente quando soube que era filho do rei de Atenas. Despediu-se, então, da mãe e do avô, com os quais vivia, dizendo-lhes que precisava conhecer seu pai. A mãe, que já esperava por esse dia, recomendou-lhe que viajasse pelo mar, pois o caminho terrestre para Atenas era cheio de bandidos sanguinários. Porém, o jovem Teseu, que muito admirava Hércules, que no passado muito havia se confrontado com aqueles bandidos, recusou a indigna segurança do mar e preferiu lançar-se pela estrada afora, resolvido a não fazer mal a quem quer que fosse, mas se defenderia contra os que tomassem a iniciativa da violência.
Ora, assim que inicou o percurso já se defrontou com o cruel Perifetes, que costumava esmigalhar o crânio dos infelizes com uma clava de bronze. Teseu o desarmou e aplicou-lhe na testa um golpe com aquela arma terrível, adotando-a para si. Em seguida foi a vez do do gigantesco Sínis, que se divertia em amarrar os pés da vítima a dois pinheiros vergados até o chão, para em seguida soltá-los de chofre, rasgando-a em dois pedaços. Depois foi Círon, cujos pés os viajantes eram obrigados a lavar tremendo de pavor, enquanto ele os empurrava pela borda do penhasco até o mar, onde eram devorados por uma tartaruga gigantesca. Mais adiante foi Procusto, sinistro estalajadeiro que amarrava os hóspedes durante o sono para adequá-los ao tamanho do leito: os que eram menor do que a cama, ele os estirava com cordas e roldanas; quando eram maiores, ele cortava as partes excedentes a golpes de machado. Teseu foi implacável com eles, submetendo cada um à tortura que infligia às vítimas.
Ali Teseu inicou sua carreira de sábio governante, defensor do bem e da justiça. Sabia que amar seu semelhante nunca significou inocentá-lo de seus crimes, atribuindo toda a culpa ao mundo ao seu redor. Conhecendo bem demais o lado escuro da natureza humana, não acreditava que o mal seria um dia extirpado, quando a sociedade fosse melhor. O mal está lá, onde sempre esteve, à nossa espreita, nas curvas dessa longa estrada da vida, e nosso dever é enfrentá-lo.
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