A mais bela das deusas, Afrodite, era odiada pelas outras deusas desde o momento em que colocou seus pés no Olimpo. Ela surgiu toda nua, do meio da espuma das ondas do mar, numa grande concha nacarada que o vento carregou até a costa de Chipre. Ali foi acolhida alegremente pelas Horas, divindades benfazejas, que a vestiram, pentearam e enfeitaram. Um carro puxado por pombos levou-a até o Olimpo, onde chegou sob aplausos dos deuses. Eles ficaram tão atraídos por sua beleza e sensualidade, que não houve um só deles que não começasse a pensar num modo de possuí-la. Percebendo o desejo deles, as deusas passaram a odiá-la com todas as forças que tinham.
Para evitar confusão, Zeus a casou com Hefesto, o ferreiro divino. Mas logo surgiu um relacionamento secreto entre ela e Ares, o deus da guerra. O marido só ficou sabendo quando Hélio, o deus do sol, que tudo via lá do céu, contou-lhe sobre o que os dois faziam na sua ausência. Hefesto decidiu vingar-se usando suas habilidades inigualáveis de artesão. Teceu uma rede finíssima como a da aranha, mas tão resistente quanto o próprio diamante, e com ela montou uma armadilha no teto do quarto, por sobre o próprio leito conjugal, que também era usado pelos amantes. Depois anunciou à esposa que precisava viajar, demorando-se por alguns dias fora de casa. A presa caiu no laço: Ares veio ter com Afrodite, e os dois, levados pelas asas do desejo, correram para a cama e para sua própria perdição. A rede caiu sobre eles e deixou-os completamente imobilizados, presos uma ao outro no abraço proibido. Hefesto, que observava escondido, surgiu então junto ao leito, rubro de cólera, e se pôs, em altos brados, a conclamar os imortais para que viessem testemunhar o ridículo da cena. Todos os deuses acorreram, felizes pela chance de contemplarem, à vontade, a nudez de Afrodite, que ardia de vergonha. Mas as deusas não vieram. Embora detestassem a rival, nenhuma quis participar daquela cena constrangedora.
Porque as deusas não se entregaram às delícias da schadenfreude, palavra alemã que expressa aquela doce alegria pelo sofrimento dos inimigos. Ninguém sabe. Homero sugere que elas pouparam Afrodite por causa do pudor natural de seu sexo. É provável que as próprias deusas não saibam explicar por que não foram lá. As mulheres sabem coisas dos homens que eles mesmos ignoram. Mas também é certo que elas não detém a chave dos próprios segredos. Elas também não sabem tudo. Vale para elas o que disse Heródoto a propósito da Esfinge: os enigmas do antigo Egito eram enigmas também para os próprios egípcios.
Para evitar confusão, Zeus a casou com Hefesto, o ferreiro divino. Mas logo surgiu um relacionamento secreto entre ela e Ares, o deus da guerra. O marido só ficou sabendo quando Hélio, o deus do sol, que tudo via lá do céu, contou-lhe sobre o que os dois faziam na sua ausência. Hefesto decidiu vingar-se usando suas habilidades inigualáveis de artesão. Teceu uma rede finíssima como a da aranha, mas tão resistente quanto o próprio diamante, e com ela montou uma armadilha no teto do quarto, por sobre o próprio leito conjugal, que também era usado pelos amantes. Depois anunciou à esposa que precisava viajar, demorando-se por alguns dias fora de casa. A presa caiu no laço: Ares veio ter com Afrodite, e os dois, levados pelas asas do desejo, correram para a cama e para sua própria perdição. A rede caiu sobre eles e deixou-os completamente imobilizados, presos uma ao outro no abraço proibido. Hefesto, que observava escondido, surgiu então junto ao leito, rubro de cólera, e se pôs, em altos brados, a conclamar os imortais para que viessem testemunhar o ridículo da cena. Todos os deuses acorreram, felizes pela chance de contemplarem, à vontade, a nudez de Afrodite, que ardia de vergonha. Mas as deusas não vieram. Embora detestassem a rival, nenhuma quis participar daquela cena constrangedora.
Porque as deusas não se entregaram às delícias da schadenfreude, palavra alemã que expressa aquela doce alegria pelo sofrimento dos inimigos. Ninguém sabe. Homero sugere que elas pouparam Afrodite por causa do pudor natural de seu sexo. É provável que as próprias deusas não saibam explicar por que não foram lá. As mulheres sabem coisas dos homens que eles mesmos ignoram. Mas também é certo que elas não detém a chave dos próprios segredos. Elas também não sabem tudo. Vale para elas o que disse Heródoto a propósito da Esfinge: os enigmas do antigo Egito eram enigmas também para os próprios egípcios.
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